Insanity Seeker

A Loucura o leva à verdade, assim como a Verdade o leva à Loucura.


A coisa mais misericordiosa do mundo, creio eu, é a incapacidade da mente humana em correlacionar todo o seu conteúdo.
Vivemos numa plácida ilha de ignorância em meio a negros mares de infinito, e não está escrito pela Providência que devemos viajar longe.
As ciências, cada uma progredindo em sua própria direção, têm até agora nos causado pouco dano; mas um dia a junção do conhecimento dissociado abrirá visões tão terríveis da realidade e de nossa apavorante situação nela, que provavelmente ficaremos loucos por causa dessa revelação ou fugiremos dessa luz mortal rumo à paz e à segurança de uma nova Idade das Trevas.
H.P. Lovecraft

A Meta Análise

abril 13th, 2010 by Lordspy

“Você pensando sobre você, de um jeito diferente”.

Comecemos explicando a frase acima com uma exclamação…

Algumas vezes alguns de nós* nos deparamos com um texto ou vídeo, frequentemente um discurso proferido, na Internet que recomenda que os leitores ou os presentes no momento do discurso, ajam ou pensem de uma determinada forma. Às vezes citando abstrações, às vezes dando exemplos reais, as vezes (e principalmente) “viajando na maionese” e esse texto, vídeo, artigo (chamemos de artigo a partir desse ponto) nos chama mais a atenção do que imaginávamos principalmente porque nos identificamos com ele, frequentemente dizendo algo como “Ei, mas eu penso/ajo dessa forma” ou “Ei, dentre meu modo de agir, esse modelo se realiza” (significando que você realiza aquele modelo, mas você realiza outros mais) e isso te surpreende, porque você acaba pensando em como você pensa… (se te fazer pensar SE você pensa, então o artigo está mais no lucro do que eu poderia imaginar).

Nos surpreende justamente por nos elevar um nível, por nos fazer questionar não como fazemos, mas como pensamos, por que pensamos daquela forma e (se o artigo for bom) como fazer para melhorar o modelo de como pensamos. Enfim, acaba nos tornando conscientes de como nossa consciência procede, o que acaba procedendo para o modelo de que nós, humanos da categoria pensantes ( porque há sim aqueles que não pensam) tomemos consciência de que podemos fazer uma análise de como nossa consciência age.

Mas se conseguimos pensar sobre como pensamos, como será que seria se pensássemos em como pensamos sobre como pensamos? E se pensássemos em como pensamos sobre como pensamos sobre como pensamos? E eu poderia estender esse modelo em infinitas recursões, jamais chegando ao fim (claro… são infinitas, certo?)

E esse é um dos modelos mais interessantes sobre o ser humano, a capacidade de poder pensar sobre si mesmo em um nível mais abstrato. Chamemos esse modelo de Análise, portanto, aos que pensam, esses podem, imparcialmente, realisarem em si mesmos uma Auto-Análise.

Antes que psicólogos ou psiquiatras reclamem, meu objetivo aqui não é tirar trabalho de vocês por fazer provar que alguém pode se auto analisar, no sentido de vossas respectivas profissões, mas ter  uma consciencia ainda mais profunda de si mesmo e de como ele se coloca no mundo pelo seu próprio cogito-modus-operandi. Talvez, até auxilia-los, normalmente um doido de outra área com uma teoria maluca acaba ajudando (ou criando um novo ramo em) uma área completamente diferente (vide a ciência da computação com vários modelos retirados de idéias surgidas em diversos campos que eram simplesmente descreditadas à época justamente por não possuir aplicação prática. Física e Matemática não valem… seus respectivos campos teóricos possuem uma beleza inigualável e inquestionável :1P  :1D  )

Voltando, podemos então nos Auto-Analisar (chamemos de (AA) o processo de auto-análise, isto é, pensar sobre como pensamos), mas, se conscientemente não nos auto-analisamos, talvez por força do hábito, talvez alguém que realize constantemente a (AA) não perceba que realiza a (AA) e assim um texto como o que eu mencionei no inicio o faça pensar sobre como ele pensa. Mas como ele já pensa sobre como ele pensa, então ele estará realizando um (AA) sobre o (AA) que ele já realiza. Portanto ele realiza um (AA(AA)).

E assim podemos dizer que há um certo grau de consciência de uma pessoa (chamemos de Grau de Auto-Análise ou g(AA) ). Alguém que não realiza sequer o (AA) básico pode ser considerado como aquele que age por instinto, já aquele que tem diversos graus, aquele que, provavelmente, planeja com antecedência suas ações.

Algo que é perceptível em tudo isso é que o g(AA) de uma pessoa não possui um valor fixo, perceptível porque basta analisarmos o comportamento de um indivído (dos que pensam) durante um dia e presenciamos tal variação. Além do mais, algo a se  notar é que podemos considerar que não haja limite máximo para o g(AA) de um indivíduo e que alguém sempre pode atingir um grau acima do que já atingira dependendo do esforço necessário gasto para elevar o nivel e que o esforço gasto para atingir um determinado nível decresce de acordo com a frequencia com que tal nível é atingido em um determinado período de tempo e chamemos o esforço de ‘e‘ tendo, portanto e(x), com x sendo o g(AA) desejado.

O desenvolvimento da idéia poderia continuar ainda  por págians e páginas, mas essas são apenas idéias, pois não sou um profissional da área de saúde (Psicologia ou Psiquiatria), mas sim da de exatas (Ciência da Computação), porém, uma das coisas que aprendemos nessa área (e uma das principais) é o processo de busca de um modelo isomórfico que apresente um comportamento mais lógico ou passível de melhor análise. Em outras palavras, a gente complica pra simplificar.

Porém, introduzindo essa idéia posso afirmar claramente que suspeito que exista não apenas um modelo lógico e racional, mas também e principalmente um modelo formal, para entender e estudar a condição de consciência ou ciência (awareness) humana e todos os pormenores que provêm dela.

Um dos modelos que, através do texto, me convence é que a partir de um grau de consciência G, para atingir um grau de consciência maior (digamos G+1) é necessário esforço + força de vontade + quebra de paradigmas, enquanto que o oposto, de um nível de consciência G para um nível de consciência inferior (digamos, G-1) é necessário egoísmo, estupidez e impulsividade.

Agora podemos analisar um modelo de convivência de alguém, digamos A, com grau de consciência G convivendo com alguém, digamos B, com grau de consciência G+1. Considerando esse cenário sob o ponto de vista de A, o modelo para uma convivência menos atritiva seria A assumir um comportamento de humildade perante B, devido ao atual estado de consciência dele, ao mesmo tempo que para uma boa convivência, B deverá assumir um comportamento de tolerância perante A. Porém, a manutenção de ambos os comportamentos necessita de esforço constante e portanto é um modelo instável.

Um procedimento adequado para um convívio eficiente seria A não apenas assumir um comportamento de humildade, mas também de curiosidade e de vontade de aprender, enquanto que o de B, não apenas assumir um comportamento de tolerância, mas tambem um de tutela, assim, ambos estarão ganhando graus de consciência diferentes e eventualmente poderão se encontrar em um mesmo patamar, quando não será mais necessário tolerância, tampouco humildade por ignorância.

Espero que essas idéias possam servir de ponto de partida para algo algum dia, mas já declaro que esses dados são apenas maquinações de minha mente que entende superficialmente o modelo comportamental da psique humana, mas ainda assim corre atrás para uma maior compreensão.

3 Responses

  1. Daniel Caetano

    O modelo parece em uma linha correta, embora não explique claramente as razões pela exasperação de ambas as partes (G e G+1… aliás, escolha interessante, ao invés de G e G-1).
    O ponto fundamental a ser determinado é se existe uma medida única, objetiva, para G… ou se existem aspectos subjetivos a impedir este tipo de comparação.
    De qualquer forma, como você mesmo colocou, o G pode variar ao longo do dia, e a disposição em subir ou descer pode depender de eventos independentes da convivência e, num mesmo dia, ambas as pessoas estarem em posições inversas da escala.
    Desta forma, acredito que sua análise seria mais aplicável à consideração de um G individual médio (embora os resultados disso possam ser menos realistas, ao menos pontualmente, como quase tudo que envolve médias), sendo que a variância e o desvio padrão do G individual teria, supostamente, relevância fundamental na percepção do comportamento do indivíduo por parte das outras pessoas.
    De qualquer forma, estas variações explicam a dificuldade de manutenção de um equilíbrio em uma relação qualquer ao longo do tempo, que invariavelmente alterna momentos de estímulo com momentos de profundo desgaste.
    Ótimo texto.

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  2. Gisele

    Eu só consigo pensar que eu gostei.
    🙂

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