Insanity Seeker

A Loucura o leva à verdade, assim como a Verdade o leva à Loucura.


A coisa mais misericordiosa do mundo, creio eu, é a incapacidade da mente humana em correlacionar todo o seu conteúdo.
Vivemos numa plácida ilha de ignorância em meio a negros mares de infinito, e não está escrito pela Providência que devemos viajar longe.
As ciências, cada uma progredindo em sua própria direção, têm até agora nos causado pouco dano; mas um dia a junção do conhecimento dissociado abrirá visões tão terríveis da realidade e de nossa apavorante situação nela, que provavelmente ficaremos loucos por causa dessa revelação ou fugiremos dessa luz mortal rumo à paz e à segurança de uma nova Idade das Trevas.
H.P. Lovecraft

Êxodo de Mentes / Minds Exodus

dezembro 5th, 2008 by Lordspy

Ainda me lembro, fresco na memória, de quando pequeno meus pais se preocuparem que eu não me comunicava ou não me “enturmava” com outras pessoas, a saber, principalmente, meus colegas de escola, enquanto que com pessoas mais adultas, pois freqüentemente (sim, ainda com tremas) acompanhava meus pais saírem com os amigos deles (padrão da nossa família, sou boêmio desde cedo), conversava bastante, pelo menos, ao que me lembro, quando já tinha uns 10 anos de idade.

Não era por menos, aos 6 anos já me interessava, mais me entusiasmava, por video-games, essa maravilha moderna, caixa mágica que faz coisas aparecerem do nada na TV, enquanto os outros estavam ainda nas brincadeiras de ciranda. Aos 7 eu já me interessava por programação e os outros estavam no pique-esconde ou iniciando as aulinhas de judô (que poderiam me ser muito úteis também…).

Enfim, meus interesses eram mais sofisticados ou avançados e os interesses deles, comuns demais, por isso a distância, pois em nada me agregava.

O tempo passou, fiquei assim, quase solitário, em relação às pessoas de minha idade por muito tempo, até me “enturmar” com um grupinho que gostava de Rock & Roll, um estilo de música que me fascinou a partir dos 8 anos de idade, coincidentemente (na verdade, intencionalmente) o ano do 1o. Rock In Rio. Claro, gerou especulações. Aos 15 anos, no interior de SP, cidade de 30 mil habitantes, Rock era (e ainda é) coisa do demônio e apenas marginais desqualificados apreciam. Enfim, conheci um novo mundo, mas sábio o bastante para adentrá-lo apenas o suficiente de modo a não atrapalhar minha saída daquela terra, minha terra natal, a qual não falo com orgulho.

Finalmente saí, e novamente, outras pessoas, em outra cidade, ao cursar o “cursinho”, curso preparatório para o Vestibular, bastante pessoas interessantes e, nesse momento, vejam, peguei o gosto de estudar um padrão que, se me permitem, passo a chamar de etimológico, o comportamento das pessoas e caracterização. Claro, há de se convir, é mais agradável ter a companhia daqueles que vão te agregar em algo e que você também possa agregar do que a daquele que apenas drena tua experiência. Saber com quem fazer amizades é um passo importante.

Ainda assim, TV me era enfadonho, assistia à TV Cultura, e ainda apenas a alguns programas, rádio, apenas músicas encomendadas (sim caros leitores, rádio não se toca o que o programador gosta. Bem, sim, se toca, mas é tão raro quanto encontrar um pingüim, ainda com trema, no Goiás). Os meios de comunicação em nada nos, e para explicar esse “nós” e que esse post aqui está, comunicavam.

Já na Universidade, sim, com U maiúsculo, pois a que eu cursei sei que merece, tomei conhecimento e contato com a saudosa e extinta Bitnet, uma rede de comunicações por Frame Relay (para os interessados em informática) que ligava todos os centros de pesquisa do mundo, a qual fiz vários amigos no Brasil, Holanda e Estados Unidos por exemplo, pesquisadores e estudantes universitários com alguma atuação em pesquisa.

Posteriormente surgiu a “já surgida” Internet, de fato ela apenas fora disponibilizada aos que já tinham acesso à Bitnet, mas ainda assim, surgiu e pude conhecer um mundo um pouco mais vasto através dos IRC’s e quando pudemos, nós, meros mortais, termos acesso à ela, me aventurei nos IRC’s da vida e conheci bastante gente interessante, no começo, quando todos achavam esse negócio de Internet (ou de computador) muito difícil.

O uso do computador fora facilitado (obrigado Bill Gates… todas as maledições do mundo jamais expressarão essa “gratidão” que tenho por ti), o acesso à Internet e o uso de seus recursos também. IRC tornou-se enfadonho, pois, devido à “qualidade” da maioria dos participantes, cada vez mais o assunto em voga era sobre mediocridades. Páginas interessantes tornaram-se enfadonhas, pois cada vez mais, mais pessoas que apenas propunham um modelo medíocre passaram a participar das mesmas, blogs, esse que vós ledes já iniciando tarde, para deleite de poucos e desespero meu, com assuntos cada vez mais inócuos, espero que não este. E cada vez mais observo que pessoas inteligentes abandonam tais meios e/ou buscam aqueles cujo acesso ou uso é mais complexo.

É fato, portanto, que as mentes, as que pensam, pelo menos, realizam um êxodo dos meios de comunicação com menor densidade de relevância e utilidade para os de maior densidade de utilidade, que possuem uma dificuldade de uso diretamente proporcional à relevância dos assuntos comentados.

Pessoas inteligentes, ao contrário do que se pensa, se sociabilizam sim, porém toda sociabilização possui seu limiar. Infelizmente a maioria não tem a capacidade de perceber isso, fazendo com que a massa com massa cinzenta se separe para agregarem-se em um meio mais exclusivo.

Seria essa a força motriz da humanidade, fazendo com que o modelo de comunicação dos menos capazes de raciocínio force os mais capazes (ainda, de raciocínio/inteligência) a buscarem novos modelos, mais complexos, para se comunicarem e sociabilizarem?

Da forma como está, creio que futuramente esse meio passará a ser novamente a carta manuscrita, pois acredito que já atualmente poucos saibam escrever correta e decentemente.

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I still remenber, fresh in my memory, of when I was small my parents concerned thar I did not talked to or befriended with other people, knowingly, mainly, my school mates, meanwhile with older people I talked a lot, since, at least, when I was 10.

Nonetheless, at 6 I was already interested, more enthusiastic in fact, for video-games, this modern marvel, magic box that create things on TV, meanwhile others still played childish (too childish) games. At 7 I already interested for programming and did my attempts in basic languages, meanwhile others at the same age was still playing hide and seek or tag or in Judo classes (this last one could have benefited me as well…)

So be it, my interests were more sofisticated or advanced and their interests too usual, therefore the distance, because nothing from them aggregated myself.

Time passed and I got this way, almost solitary, in relation to people at my age, for quite a long time untill I befriend with a group of people which enjoyed Rock & Roll, a music style that fascinated me since I was 8. Sure, speculations were created, after all, at 15 years, in a small town in Brazil, with 30 thousand inhabitants,  Rock & Roll was (and still is) the “demon thing” and just the scumm enjoyed it. However I met a new world, but I was wise enough to get into it just enough such my exit of such town was not prevented due to accidents.

Finally I exited and, again, other people, other town, in a preparatory course before Univesity, lots of interesting people and, in this moment, I got the taste of studying a pattern to learn the behaviour and character of people.

I may not be a psychologist, but we must admit, is much more pleasant to have the company of people who will eagerly exchange knowledge than with just the ones who will use you. Know who to befriend is an important step.

Still, TV was boring, I watched just a culture channel, and yet, just some shows. Radio, with their bough programs (yes, record companies or groups buy space in radio so they can play. It is not as the taste of the programmer… well, sometimes it is, but it is as rare as find a penguin in sahara desert). The comunication mean nothing comunicated us. And to explain this “us” is that I write this.

Already in the University I knew and used the extint (and misses) Bitnet, a computer comunication network connecting all research center in the world, where I’ve made friends in Brazil, USA and Holland, for instance, all of them Researchers or Students connected with some research field.

Afterwards we got access to the Internet, just available to some people, but yet we could chat, through IRC, a more vast world, meeting a lot of interesting people in the beginning, when people though that this thing called Internet (or computer) was too difficult to use.

The computer usage and usability got easier (thanks Bill Gates, all swearings in world would never express this “gratitude” I have for you), the access to the Internet and its resources too.

IRC became boring due to the “quality” of the most of users, because each time subjects of the conversations were more and more mediocre.

Interesting pages became boring, because as more people with a mediocre mind-model use and participate in such. Blogs, this one that thou read, starting already late, to my despair and some people delight, with more and more hollow subjects (I hope not this one). And each time I see more and more interesting people leaving such means and/or seeking those which access and usability is more complex.

So, it is fact that minds, at least the ones who think, realize an exodus in the communication means with less utility relevancy density to the ones greater utility relevancy density , which have a directly proportional usability difficulty to the commented subject relevancy.

Differntly of what people think, inteligent people do socialize, however, every sociabilization has its threshold. Unfortunatelly the most of people are not able to realize it, making with the mass, with brains, leave them to aggregate themselves in a more exclusive environment.

Would be this the moto of humanity, making that the comunication model of the lesser ables of thinking force the most capable to seek new models, more complex, to communicate and socialize among themselves peacefully?

The way it is I believe that futurelly such means may be, again, the written letter, because I believe that, already nowadays, few still remember how to write correctly and decently.

 

2 Responses

  1. Daniel Caetano

    Outro dia me peguei pensando…
    Com a decadência das universidades (e, agora, também das Universidades), talvez daqui um pouco seja necessário voltar a ter os monastérios e academias da grécia antiga, para que se volte a produzir conhecimento útil…
    Tendo como conhecimento útil não apenas aquele advindo da preguiça (tornar a vida mais fácil) ou da ganância (ganhar mais com menos), mas aquele que faça a vida de todos mais agradável.
    Eu fico me perguntando … onde é que a filosofia perdeu sua importância; e freqüentemente encontro uma mala de dinheiro no meio do caminho…

  2. Laura Caroline

    Atualmente fica ainda mais difícil encontrar pessoas que “se sujeitam” a pensar (irônico, mas é a realidade, pois isso seria pedir demais para muitos da nossa pobre sociedade) e que fazem disso uma fulga, um crescimento ou um hobby (seja lá qual a utilização do pensamento). No meio de tantas bundas de funk’s e de assaltos e assassinatos dramatúrgicos dos telejornais, ainda tenho um refúgio para meu cérebro! Ainda bem que conheço pessoas que exercem de forma sábia o que a natureza ostentou em criar.
    Parabéns, isso se torna um vício e o melhor, um vício que não é maléfico!

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