Insanity Seeker

A Loucura o leva à verdade, assim como a Verdade o leva à Loucura.


A coisa mais misericordiosa do mundo, creio eu, é a incapacidade da mente humana em correlacionar todo o seu conteúdo.
Vivemos numa plácida ilha de ignorância em meio a negros mares de infinito, e não está escrito pela Providência que devemos viajar longe.
As ciências, cada uma progredindo em sua própria direção, têm até agora nos causado pouco dano; mas um dia a junção do conhecimento dissociado abrirá visões tão terríveis da realidade e de nossa apavorante situação nela, que provavelmente ficaremos loucos por causa dessa revelação ou fugiremos dessa luz mortal rumo à paz e à segurança de uma nova Idade das Trevas.
H.P. Lovecraft

The Easy Way

novembro 4th, 2008 by Lordspy

O interessante em estarmos no “Fundo do Poço”, conscientemente escolhendo esse trajeto para o planejamento da ascenção futura, é que podemos claramente observar as tendências da sociedade e como a mesma se comporta nas circunstâncias básicas em relação ao objetivo de se ter uma vida “tranquila”.

É fácil percebermos aqueles que querem isso, basta observarmos, em nossos respectivos empregos, aqueles que adulam os superiores, buscando uma promoção fácil (ou um aumento de salário, que seja), sem se esforçar em melhorar a qualidade de seus feitos, melhorando, assim, seu conhecimento e merecendo, portanto, o cargo ou aumento desejado. Compensação não pelo esforço, mas pelo conhecimento adquirido.

Me voluntariei para atender a um dos cursos oferecidos na empresa onde trabalho, pois a mesma possui um instituto educacional. O curso em si, no que diz respeito à disciplina matriculada, é bastante fraco. Francamente, não haveria sequer a necessidade do mesmo, porém, empresas associadas ou que utilizam a que eu trabalho como meio acabam por premiar os funcionários que possuem o certificado do referido curso, certificado esse que sequer fui retirar. Talvez o faça amanhã, que para vocês, provavelmente, já terá sido.

Mas fugi do tópico. No mesmo instituto via-se diversas pessoas cursando outras disciplinas. De fato, cursando outros cursos, já que cada disciplina, por si só, é um curso. Ao conversar com uma garota fiquei sabendo que ela era Arquiteta, mas estava cursando para mudar de área e poder trabalhar na área de investimentos por ser mais rentável.

Curioso é como uma área, na qual a pessoa nada sabe, faz com que a mesma acredite poder alcançar facilmente uma estabilidade financeira iniciando por um curso que, apesar de diferir do que cursei e nada saber sobre, tenho, cá eu, minhas dúvidas.

Fosse assim, cursasse economia e liberasse tua vaga na universidade, provavelmente uma particular de segunda ou terceira categoria, para alguém realmente interessado. E assim, ao invés de se aperfeiçoar e podermos, talvez, termos uma representante no genero feminino do porte profissional de um Oscar Niemeyer, teremos apenas alguém que pode estar rica no momento, mas é tão vazia quanto os pastéis de vento que costumávamos encontrar em feiras antigamente. (A concorrência aumentou e os pastéis hoje tem menos vento).

Chamemos esse de perfil 1 (um), para uma comparação futura. E considero esse um dos extremos.

Assim como o caso previamente descrito, cito agora o de dois amigos, um deles reconhecidamente inteligente, com um mestrado em conceituada universidade, na área de Ciência da Computação, o outro, uma amiga, psicóloga, inteligente, talvez não como o primeiro, mas cuja potencialidade não posso negar, pois a conheci bem quando participávamos ativamente do movimento estudantil. Ambos buscando um emprego no funcionalismo público, estudando para prestar concursos. Ficamos, portanto, certamente, sem dois profissionais que, acredito eu, poderiam contribuir de forma significativa os meandros do conhecimento profissional e do valor trabalhista brasileiro.

Chamemos esse de Perfil 2 e analisemos ambos e seus impactos na sociedade brasileira.

O primeiro perfil, o de investidor, promete altos ganhos, com pouco investimento, porém com alto risco, sem julgar genero, profissão (prévia), escolaridade ou outros atributos que o mercado de trabalho deveria se propõe a julgar. O aumento desse tipo de profissional afeta diretamente o mercado por proporcionar um aumento na demanda, seja de compra ou venda, camuflando o que poderíamos rotular de “valor real” da representação de uma entidade (empresa, conglomerado, etc.) no meio, o que, por vezes, tal camuflagem torna-se tão incompreensível (ou natural) que quando se percebe o real valor é tarde demais para atuar num sentido de correção que não afete a sociedade de um modo geral, provocando o que chamamos de crise econômica. Isso se agrava ainda mais quando alguém de capacidade cognitiva duvidosa, para tal fim, pois pode-se muito bem possuir uma capacidade cognitiva ou criativa para se destacar em outras áreas que não a de investimentos, se propõe a atuar na área. Esse perfil me preocupa, pois são justamente as pessoas que nele se enquadram que atuam diretamente na economia senão do Brasil, mundial. E isso é prejudicial àqueles que querem realmente levar uma vida na qual o objetivo é ser reconhecido pelo seu conhecimento, obtido devido a esforços, em sua respectiva área de atuação.

Dito isso, analisemos o segundo perfil, um tanto quanto proporcionalmente inverso ao primeiro, aqueles que buscam o funcionalismo público tem por objetivo um emprego estável, com pouca probabilidade de ser demitido, ou seja, há uma segurança, em contraposição ao risco, porém, o ganho é proporcionalmente menor em relação ao primeiro, pois há que se observar, no segundo perfil, diferentemente do primeiro, não há o risco de perdas. E assim como no primeiro, profissionais que seriam ótimos psicólogos ou “Cientistas da Computação” (abstraiam, por favor. O termo e ramos de atuação na área possuem diversas variações e citá-as aqui tomaria mais caracteres que essa explicação) deixam de atuar. Num sentido geral, a sociedade perde em ambos os perfis e em mais um, um terceiro perfil, aquele que realmente deveria ser o modo mais fácil de se viver, ou de se levar a vida.

O terceiro perfil é aquele que diz respeito justamente às escolhas realizadas para atuação na área de conhecimento. Uma pessoa pode ter errado em escolher arquitetura, ou Ciência da Computação, ou psicologia (não sei se o nome das áreas, de todas, devem iniciar em maiúsculas, mas sei que para Ciência, assim como para a área que a designa, o uso de maiúsculas é obrigatório.), mas isso não justifica ela a buscar o caminho mais fácil. A probabilidade de haver uma área em que a pessoa possa contribuir para si própria e para o “Caldo Cognitivo da Sociedade” (Termo recém inventado, indica a quantidade de conhecimento produzida pela humanidade, para a mesma) é de sabidamente 100%, mesmo que essa área seja a de investimentos, mas que a informação seja transmitida. Buscar o modo mais fácil vai certamente provocar um sentimento de falta, geralmente levando à depressão, a menos que, de fato, o profissional nada espere da vida, portanto garantindo-lhe um certo nível de satisfação e a mim uma preocupação cada vez mais crescente, por perceber que os investimentos e o funcionalismo público (inclua-se a política também nessa categoria) estão às mãos de pessoas que não possuem perspectiva.

Para aqueles que querem saber minha sincera opinião sobre essas questões, digo-lhes que a pesquisa (ou o conhecimento) é o caminho, o mercado é inevitável e o funcionalismo público é necessário para a manutenção adequada da sociedade, porém, dos três, apenas a pesquisa (ou o conhecimento) se beneficia do exagero, para os outros dois há depreciação em algum nível.

——————————————————————————

The interesting thing in being in the pit bottom, conciously choosing this way in the planning of the future ascencion, is that we can clearly note the society tendencies and how society behaves in basic circunstances concerning the objective of a (so called) “good life”.

It is easy to realize that who wants this, just note, in our respective jobs, those who flatter their supperiors, seeking an easy promotion (or a salary raise, whatever), without concerning in the effort of perfecting their deeds, perfecting, this way, their own knowledge and, therefore, deserving the promotion desired. Compensation not just for the effort, but mainly for the knowledge aquired.

I volunteered to attent to a course offered in the company I work for, because the company has an educational institute. The course, per se, is very weak. Frankly, there even wasn’t the need to have the course, however, associated companys or which uses the company I work for as means, give bonuses to workers whith such course certificate, which I haven’t even picked yet.

But, I ran away from the subject. In the same institute is possible to see other people doing other courses. Talking to a girl knew she was architect, but was changing area so she could work in the investment area because it “pays” more.

It is curious in how an area, which a person knows nothing, makes believe to be possible to easily reach a financial stability just by studying a (pseudo) course that, although diferently of the one I coursed, I have my doubts about the quality.

Be that… course economy and let another one, really interested, which probably coursed a weak university, to occupy your place in the university. So, instead of perfecting herself and become, maybe, a grandeur female architect, we should have someone that may be rich in this moment, but is so hollow as a ghost.

Let’s call this the profile 1, for a future comparison. Consider this one of the extremes.

As the previously described situation, I cite now one, common to two friends, one of them certainly a very inteligent man, with an MSc in a great university in the field of Computer Science, the other, a psychologist friend of mine, maybe not so intelligent as the first, but whose potenciality I can’t deny, because I met her exactly at the same time we were active in the political student movement. Both friends, now, seeking job as a public employee, studying to take the tests and try to get into the public work. We lose, therefore, two professionals which I am certain to be very good professionals, at least, in their respective area and contribute to the Brazilian knowledge pool.

Let’s call this profile 2, another extreme and let’s compare its impacts in the Brazilian society.

The first profile, the investor, promise high gains, with few investments, but with high risks, without judging gender, previous profession, scholarship degree or other attributes that market should judge. Raising this profile afects directly the market, the stock market, because it raises the demand, be of buying or selling, cloacking what we could name of “real value” of an entity (company, conglomerate, derivative, etc) representation in the environment which sometimes becomes so incomprehensible that, when the real value is realized, is too late to correct it such the effects do not affect the society in a broad way, provoking what we call “Economic Crisis”. This gets worse when someone with a dubious cognitive capacity, for such mean, because one can have a high and good cognitive capacity in other fields besides investments, proposes to act in the field.

This profile makes me worry, because are just the people in this profile that activelly and directly act in the economy, if not in the world, at least in the Brazilian one. And this is bad for the ones who really wants to live in which the objective is to be recognized for its own knowledge, gained through efforts, in its own field.

Said that, let’s analise the second profile, such inversely proportional to the first, the ones who seek the public employment seeks a stable job, with few probability of being fired, that is, the safety, contraposing the risks, however, the gain is proportionally less in comparison with the first profile. Because there are no loss risks.

And just as in the first profile, people, who would be great pshychologists or programmers, just cease to be. In a broad sense, society itself loses in both profile and more, a profile, the one which should be the correct, loses too, the one which really should be the easy way of living.

This third profile is the one concerning the choices made to act in the knowledge field. A person may though wrong in choosing architecture or psychology, but this do not justify choosing the “easier way”. The probability of having an area in which the person may contribute to the “Cognitive Soup of Society” (recently invented term indicating the quantity of knowledge produced by the humanity for itself) is knowingly 100%, even if such area is the investments one, but may the information be transmitted.

Seeking the easy way certainly will provoke a sentiment of missing, usually leading to depressive behaviour unless, in fact, the professional nothing wants with life, therefore granting a certain level of satisfaction and to me the concerning even higher due to realize that investments and public works (including politics) are in the hands of people without any perspective.

To those who wants to know my sincere opinion about such questions, I say to you that research (or knowledge) is the way. Market is inevitable, it must exist and public working is necessary to the correct maintenance of society, however, of all three, research is the only one which befnefits of exageration, for the other two always there is a depreciation in some level.

3 Responses

  1. Morbencita

    Acho que o problema, Spy, é que ninguém mais espera nada da vida. Estamos na Era da Depressão (quadro clínico) – não sei se com maiúscula.

    PS: Errtamos reactibando el Mira la Qualidad! Cómo las señas se perdieron, bissite: cuecacuelahelada.blogspot.com y dame un emedjo si quieras puestar, si?? És que solamente rindo se puede no entrar en depressión!

  2. DJC

    Talvez ninguém espere nada da vida porque o que se valoriza são futilidades. O que esperar de futilidades?
    Dane-se quem é bom no que faz. Bom é ter Mercedes Benz blindada, motorista, viajar de jatinho todo ano para praias paradisíacas… o importante não é o que você produz, mas o quanto você consome.
    A sociedade de hoje valoriza o seu bem estar financeiro, não sua capacidade em uma área específica. Alguns podem dizer que, nas Universidades, esse quadro é diferente, mas não é… na medida em que adotaram o “retorno financeiro” proporcionado por um pesquisador como variável para medir sua “capacidade”.

    Desta forma, mesmo no seu terceiro perfil, existe a depressão.

    De qualquer maneira, mesmo que talvez já seja tarde para nós, é provável que possamos, ainda, fazer algo por um futuro melhor, para nossos filhos.
    Afinal, lutar por um futuro melhor é (ou deveria ser), justamente, uma das principais motivações da P&D.

  3. Lud

    Sim, no terceiro perfil já se manifesta depressão. Preocupa a consolidação desse ciclo vicioso na área em que ainda depositamos esperaças de ser um contraponto.
    A pesquisa, ao se guiar pelo tal “retorno financeiro”, cria condições para que, futuramente, os indivíduos que poderiam alertar contra esse esse estado indesejável também se mobilizem por pensamentos vãos, fúteis. Os sinais estão aí jogados na cara de quem prestar o mínimo de atenção. Aos poucos vai se esgotando mais uma das raríssimas fontes em que a ousadia de questionar com método não só é freqüente mas também uma sua força motriz.

Leave a Comment

Please note: Comment moderation is enabled and may delay your comment. There is no need to resubmit your comment.